Você não está sozinha

Pego-te pela mão, sei como te sentes. Seguro teus dedinhos fofinhos e curiosos, observo as unhas, tão pequenas, que um dia serão roídas sem razão aparente. Encaro teus olhos, percebo teu sorriso perdido, acolho-te. Sei como te sentes, minha menina. Oriento-te pelos espaços vazios e silenciosos. Ilumino-te a escuridão.

Sim, ouço o silêncio. Há toques intangíveis. Sei que é possível cruzar esse deserto e reverberar novos sentidos.

Percebo tua respiração ofegante. Sinto teu suor escorrendo pela palminha da mão. Entendo tuas dores de cabeça que surgem por não entender absolutamente nada. Ouço vozes alheias. Sei que não entendes essa confusão. Ela não é tua, menina, um dia entenderás. Estarei junto contigo.

Pego-te pela mão, cruzarás décadas por entre durezas, incompatibilidades e caras fechadas. Não precisarás mais te sentir um patinho feio. Minha linda guria, tu és um lindo cisne. Agora tua voz é serena e leve como teu pensamento. É de oceano o teu sentir. Sim, ainda é possível acreditar na bondade das pessoas. Sim, ainda é possível mover peças, construir pontes imaginárias, imaginar caminhos, viver o presente como se não houvesse amanhã.

Pego-te pela mão, sei como te sentes e levo-te ao meu lado. Não estarás sozinha jamais. Todo abismo é iluminado. És minha luz. Ouço-te, respeito quem és, sei do teu imenso potencial, sinto tua sensibilidade, ouço tua respiração e tua voz, vejo teus olhos e atendo tuas necessidades.

Minha amada menina, sei que foi difícil chegar até aqui. Vamos juntas, não chores mais… a vida está só começando.